Filmagem

Pulmão arpado no meu oxigênio, parando a meio do ar incendiado, incêndio no teu pelo.
no fundo bosque enterro os dedos

Desenrolo pelo teu dorso um invólucro devastador
de lençóis abruptos e tu pesas
sobre o revolto sítio
onde aferida me sinto
ao teu pesar.

Que timbre haverá a proteger cada sílaba
dentro da tua íntima palavra

Que estrela abundante encerra o perpétuo coração
de Nefertite

E tu, lépido corsário, e tu ainda, concentra-te
canta contra tua própria intrepidez.

Põe tua mandíbula a devorar-te, agora, nu.
Recorda à pressa o que mais sussurrar no teu passado
de rústico amador de fêmeas, aquilo que maior
cometimento foi entre coragens e cruezas do teu
corpo aquelas manadas que detiveste
com o sexo fervente erguido
a mim

As paisagens que foste incendiando só para filmares
o novo astro a pôr-se
no meu púbis.

1973