O Norte da Europa

I

O Pai Natal coberto de lantejoulas ia subindo a ladeira com um ar circunstancial. O cumprimento que me dirigiu, corrigido por um gesto de perfeita cortesia, era tão naturalmente rico de proteínas que se comia à mão, em fato de baile.
Os dias iam correndo pela mão daquela cujo nome se vai ocultar na Península da Gata, a norte do Carvoeiro.
«É assim que cumpres?», perguntou Júlia Bahamas. Respondi que não era ainda tempo de colher maçãs e que as uvas estavam por amadurecer.
E acrescentei, exclamativamente:
«Ó Estações!»
Mas aí já ninguém ouvia ninguém, o círculo apertava-se coberto de espuma.

1980

[fragmento de «I» do conjunto «O Norte da Europa»]